Casa Amarela: um espaço cultural pulsante.
O poeta, escritor, fotógrafo e videomaker Escobar Franelas inaugura hoje a coluna de terças-feiras SP: ZONA LESTE em nome d'A Casa Amarela - Espaço Cultural, que reúne artistas, professores, intelectuais, agentes e gestores culturais e realiza um significativo trabalho de ativação cultural a partir de sua sede, no bairro de São Miguel, Zona Leste de São Paulo.
Por Escobar Franelas.
Começar a primeira linha da
primeira coluna em minha primeira participação nesse oásis literário, é – na
falta de uma palavra mais bem elaborada – desconfortável. Pense num jogador
mediano fazendo sua estrieia num time grande e sua estreia se dá jogando num
Maracanã lotado numa tarde ensolarada de domingo! É o meu caso.
Falar o quê? Falar de quê? Penso,
rememoro, repenso, me demoro: encontrar o assunto não é difícil, mais
complicado é decidir sobre qual dos vários que assuntam (e assustam) a minha
cabeça irá versar. São vários.
Minha primeira vontade é fazer
uma propagandinha, afinal, lanço livro novo (o terceiro) nessa semana. Mas
pudores me impedem de seguir este plano, vou pra outro terreno. Penso falar da
Casa Amarela, um espaço cultural em São Miguel que ajudo a administrar e que se
tornou, com o correr dos anos, a minha Meca, o paraíso onde me deleito, minha Macondo,
minha Pasárgada. É lá que refinei a prática da cultura do abraço, onde encontro
alguns dos mais leais e necessários amigos, meu refúgio em busca de paz, bom
papo, arte prazerosa, boa bebida e boa comida.
A Casa Amarela tornou-se, com o
passar do tempo, um templo onde, mais do que a fruição artística, somos
agraciados com a poética da boa convivência, os prazeres das coisas pequenas, o
orgasmo da arte sem muitos artificialismos, o criadouro de novas ideias. E quão
belo é o espetáculo da arte sendo criada, remendada, aliterada, edulcorada!
Parece o pôr-do-sol sendo revisto em câmera-lenta diversas vezes, por ângulos
diferentes. É esse êxtase que vivo constantemente, quase uma rotina, gostosa
repetição de coisas que me dão paz.
Por último, pensei em falar um
pouco de produção audiovisual, uma de minhas paixões – assim como os livros –
mas, embaralhando todas as cartas que escondi sob a manga da blusa, optei por
dar uma banana pra dúvida e decidi escrever sobre ela: a dívida que tenho com essa
dúvida. Esse afã é o que me move, me promove, me inaugura, dissimula, eleva e
vela as minhas utopias. E de muitos.
Por isso, mesmo, pago sempre em
moeda corrente e ainda assim fico devendo um troco para o dia seguinte.
E, de tanto tentar, saiu-me este
textículo que entrou por uma porta, saiu por essa outra. Quem quiser que conte
mais. Semana que vem!
Escritor, fotógrafo e videomaker paulistano e membro da UBE (União Brasileira de Escritores, Escobar Franelas publicou seu primeiro trabalho em 1989 - os poemas "Velhos Trapos" e "Opus Vivendi", na Antologia Poética de Pinheiros. Desde então ganhou alguns prêmios, entre os quais o Arte na Cohab/SP-Literatura (1998, poema "Pátrio Nosso"), 1º Prêmio Barueri de Literatura/SP (2003, poema "Balé"), e o 1º Concurso Chapecoense de Literatura/SC, (2004, conto "Anatomia de um Crime" e poema "Prostração"). Tem verbete na Enciclopédia Brasileira de Literatura (Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa (São Paulo, Global Editora, 2ª edição, volume 1, 2001, pg. 732). Publicou o livro de poemas, hardrockcorenroll (São Paulo: Scortecci, 1998) e o volume de prosa Itaquera: uma breve introdução (São Paulo: Editora Kazuá, 2014). Mantém o blog Vs. Eu e a página no sítio literário Recanto das Letras. Colabora na coluna de terças-feiras SP: ZONA LESTE, assinada coletivamente pela CASA AMARELA.
Leia também a coluna DR. MONSTRO, com histórias de arrepiar os cabelos.
Aproveite a promoção da semana!
Seja bem vindo, camarada. É bom ter um comparsa da zona leste por aqui! Grande abraço!
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