quarta-feira, 26 de novembro de 2014

SP: ZONA LESTE - Projeto social em Guaianases vira filme

Por Escobar Franelas.

"Em 2007, alguns moradores insatisfeitos com a realidade violenta da região do Lajeado, em Guaianases, passaram a usar a 7ª arte como ferramenta de transformação social e política, primeiro no formato de cine-debate, onde abordavam questões como violência, políticas públicas, convívio comunitário, entre outros assuntos do dia a dia da comunidade.



Faltando espaço para receber a todos os interessados, que aumentavam a cada sessão, o grupo se articulou em uma grande ação que revitalizou um terreno abandonado que era utilizado como depósito de lixo e ponto de venda de drogas. A iniciativa tinha a intenção de suprir a ausência de praças, quadras esportivas, parques e alternativas socioculturais que trabalhassem a perspectiva de futuro de crianças e jovens.

Por isso, a intervenção dos moradores transformou o lugar em um campo de futebol, de convivência e, com o tempo, cinema a céu aberto. As sessões começaram a ser programadas nos moldes dos cines-debate que aconteciam nas casas, e como a sala de cinema mais próxima estava a 18 km e alguns reais de distância, o público invadiu o campo para aproveitar a novidade. Não demorou muito para que o lugar ficasse conhecido como “Cine Campinho” e virasse ponto de referência cultural no bairro.

Anos depois, alguns frequentadores dessas sessões resolveram produzir seus próprios filmes e formaram o coletivo Lentes Periféricas, que em 2014 apresenta sua primeira produção - um documentário sobre o acesso à cultura e ao lazer na periferia da cidade sob o olhar do que foi e significou a ação do Cine Campinho para a realidade do bairro.

O filme será lançado em 29 de novembro no mesmo local onde são exibidos mensalmente as obras que os frequentadores do Cine Campinho assistem às exibições. A pré-estreia do documentário “Doc. Cine Campinho” no lugar que foi palco de toda essa história, no campo localizado na rua Alessio Prati, próximo a Escola Municipal Dias Gomes, Jardim Bandeirantes, Guaianases, é um ato carregado de simbolismos, resistência e afirmação. Se ver filmes no "terrão" do campinho já tinha lá seu ineditismo, o público reconhecer-se entre as imagens que rolam na tela ampliam o sentido do protagonismo e do pertencimento. Todos lucram: a comunidade eternizada na tela, o coletivo que dá nome ao filme, que perpetua seu histórico peculiar e o Lentes, que nasceu para formatar este roteiro mas dá mostras de que pode arriscar-se em voos ainda mais altos."

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