quinta-feira, 4 de setembro de 2014

COLUNA ESPECIAL - QUE VIVA SILVIANO SANTIAGO!

Por Jeosafá.

Silviano Santiago. Foto O GLOBO.

Autor da Nova Alexandria , professor universitário, crítico e romancista, conquista um dos prêmios mais cobiçados da América Latina, o Ibero-Americano, no Chile.

Sílviano Santiago, autor da Nova Alexandria  vence por unanimidade o Prêmio Ibero-americano de Letras José Donoso de 2014, da Universidade de Talca.

Uma de suas obras de ficção mais conhecidas e estudada nas universidades do Brasil é o romance Em liberdade. Nesse livro, a hipotética pesquisa de Graciliano Ramos sobre a morte por enforcamento de Cláudio Manuel da Costa num calabouço da coroa portuguesa, quando da Inconfidência Mineira (estamos aqui no mundo da ficção) é pretexto para abordar, na verdade, o assassinato do jornalista Vladimir Herzog pela ditatura militar brasileira, em meados da década de 1970, nas mesmas condições da do  poeta mineiro do século XVII
Ensaios Antológicos - Silviano Santiago. Nova Alexandria.


Nesse livro, Silviano Santiago, estudando os Autos da Devassa (processo movido pela coroa portuguesa contra os Inconfidentes), reconhece a similaridade dos dois assassinatos travestidos de suicídio. Assim, o pano de fundo do “suicídio” de Cláudio Manuel da Costa são as notícias de jornal sobre o assassinato do jornalista da TV Cultura, vítima do arbítrio de um regime totalitário, que, ainda assim, preferia muitas vezes agir na sombra.

Pela Nova Alexandria, Silviano Santiago publicou recentemente seus Ensaios Antológicos, que reúne alguns de seus textos mais representativos de sua produção ensaística. A produção ensaística apresentada nesta seleção é uma amostragem de Silviano Santiago, um criador cuja obra se fragmenta em vários papéis. À vontade ao percorrer vertentes e carreiras profissionais distintas, foi professor universitário, tradutor, crítico, ensaísta, jornalista e escritor, trafegando por romance, conto e poesia.

Os problemas socioeconômicos e culturais enfrentados pelo século XX levaram Silviano Santiago a gerar o conceito de “literatura anfíbia” que, entre arte e política, mostra sua visão pessoal da realidade brasileira e de seus intérpretes modernistas e pós-modernos, abordados e analisados nos ensaios aqui reunidos.
Os textos revelam a fragmentação como orientadora/inspiradora da fértil multiplicidade da obra de Silviano Santiago.  Conforme suas próprias palavras: “Cada fragmento meu [...] demonstraria trabalho, assiduidade e persistência, coleguismo e dedicação ao outro, responsabilidade e probidade administrativa, e, principalmente, amor à docência universitária e à arte literária”.

Nascido em Formiga (MG), em 1936, Silviano Santiago formou-se em letras neolatinas em 1959, na Universidade Federal de Minas Gerais. Após um período de estudos em Paris, trabalharia em várias universidades estrangeiras até voltar ao Brasil e tornar-se catedrático da PUC-RJ e da Universidade Federal Fluminense.  Sua presença no mundo das letras do país passa então a ser marcante, como tradutor, professor, ensaísta, poeta, contista e romancista. Seu principal romance é Em liberdade (1981), avaliado como uma reflexão cuidadosa sobre o papel do escritor brasileiro e Keith Jarrett no Blue Note (1996) reúne contos criados conforme improvisos de caráter jazzístico. Dentre seus livros de ensaios, destacam-se Uma literatura nos trópicos (1978), O cosmopolitismo do pobre (2004) e As raízes e o labirinto da América Latina (2006).


Viva Silviano Santiago!

0 comentários:

Postar um comentário