Por Susana Ventura.
Um lufa-lufa: participei da programação da Bienal, da
extensão da Bienal, da itinerância da Bienal e das últimas atividades
pós-Bienal. Resultado: um cansaço muito grande e vários dias tentando
equilibrar o que ficou para trás e me recuperar.
Valeu a pena? Individualmente, sim. Revi amigos queridos,
que passam pouco pela cidade, conversei com gente bacana, participei de muitas
atividades ótimas.
Não posso fugir de mim, já constatava Sá de Miranda
(Portugal, 1481-1558) no seu mais conhecido poema.
Mas, ao contrário do poeta, que afirmava ‘Comigo me desavim/
Sou posto todo em perigo/ Não posso viver comigo/ Nem posso fugir de mim’, não
me desavim nada comigo, porque não tenho
tempo nem temperamento para tanto.
Já que não posso fugir de mim, está na hora de fazer meu
balanço e dizer que a Bienal tentou mudar para melhor.
Em parte conseguiu: programação cultural diversificada e
interessante, voltada a diferentes públicos, acontecendo o dia todo, todos os
dias, em espaços bem planejados.
Experimentei algumas: ouvi palestra no Espaço Imaginário do
SESC em meio à criançada, fui plateia em
diferentes discussões no Salão de Ideias e me emocionei de verdade ali. Além
disso acompanhei algumas programações da Secretaria Municipal de Educação. Tive
alguma participação profissional também e gostei muito de trabalhar durante a
Bienal.
E o que deu errado?
Falta de sinal para telefonia e internet dificultaram a vida de todos os
que trabalharam e impediram um sem número de vendas (nem preciso falar no
desastre que isso representou). O vale
cultura valeu... só para livrarias. As editoras, especialmente as pequenas e
médias, não estavam autorizadas a aceitá-lo. O número de instalações sanitárias
era absolutamente desproporcional ao público presente e não foi readequado para
a imensa maioria de público feminino (parte dele com crianças pequenas). Os
leitores jovens mostraram a que vieram,
e a feira não estava preparada para suas necessidades...
Fui de transporte público ou de carona com os amigos em
todos os dias. Mas, embora eu não use carro e ache os ônibus para chegar lá a
partir do metrô bem eficientes, considero um estacionamento que custa 40 reais
por ‘entrada’ um absurdo que aumenta vertiginosamente os custos e diminui o pouco conforto de quem trabalha lá
o dia todo e carrega livros, objetos para o stand e, por vezes, busca e leva
gente que vai falar durante cada jornada.
Meu balanço da Bienal é o mais positivo dos últimos seis
anos. A Bienal 2014 foi inspiradora, embora considere um absurdo o verdadeiro
padecimento físico a que estiveram sujeitos, sobretudo, os que trabalharam no
Pavilhão todos os dias, mas também o público, e que poderia ser minimizado com
toda a certeza.
A Bienal 2016 nos espera. Senhores organizadores, vamos
escutar de verdade os envolvidos e melhorar?
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