Por Therezinha Hernandes.
Continuam em pauta as reformas ortográficas e as polêmicas decorrentes delas, principalmente após a notícia da existência de um grupo de estudos pretendendo eliminar o “h” inicial (“omem”, “oje”, “omônimo”, no lugar de “homem”, “hoje”, “homônimo”, etc.) e, entre outras alterações, extinguir vários dígrafos (“qeijo”, “xuva”, “eseso”, por “queijo”, “chuva”, “excesso”, etc.), a fim de apresentar um projeto de lei cujo objetivo, em síntese, seria grafar as palavras como elas são pronunciadas, e com isso facilitar o aprendizado da língua portuguesa.
Continuam em pauta as reformas ortográficas e as polêmicas decorrentes delas, principalmente após a notícia da existência de um grupo de estudos pretendendo eliminar o “h” inicial (“omem”, “oje”, “omônimo”, no lugar de “homem”, “hoje”, “homônimo”, etc.) e, entre outras alterações, extinguir vários dígrafos (“qeijo”, “xuva”, “eseso”, por “queijo”, “chuva”, “excesso”, etc.), a fim de apresentar um projeto de lei cujo objetivo, em síntese, seria grafar as palavras como elas são pronunciadas, e com isso facilitar o aprendizado da língua portuguesa.
Diante da reforma cuja entrada em
vigor está prevista para janeiro de 2016, para que o andamento dessa proposta
será necessário consultar os outros países lusófonos participantes do acordo
ortográfico, na medida em que este visa à uniformização da escrita para todos
os falantes do português, e estes serão afetados por eventuais medidas novas.
Toda essa discussão nos remete ao
assunto das interferências nas línguas por meio de imposições legislativas, e
esse é o nosso tema de hoje.
Já houve no Brasil projetos que
pretendiam excluir da língua os estrangeirismos, como os do Deputado Aldo
Rebelo (Projeto de Lei n.º 1676/99) e o da Deputada Jussara Cony (Projeto de
Lei n.º 65/2000), bem como a proibição de nomes estrangeiros na época do
Integralismo.
Ainda hoje vigoram pelo mundo
leis que proíbem nomes próprios de origem estrangeira, ou simplesmente limitam
os nomes permitidos, independetemente da origem. Por um lado, buscam evitar que
os filhos sofram constrangimentos em razão dos nomes escolhidos por seus pais,
como ocorre por exemplo na Alemanha, em que um casal turco foi impedido de dar
ao seu filho o nome de Osama Bin Laden, mas o nome Legolas é permitido; na Nova
Zelândia, cujas autoridades livraram um bebê de se chamar 4Real (“De Verdade”,
em tradução livre), e também autorizaram a mudança de nome de uma jovem que se
chamava "Talula Does The Hula from Hawaii" ("Talula
faz a Ula do Havaí", em tradução livre); no Japão também há restrições, e o nome
“Akuma” foi banido por significar “demônio”.
Argentina, Dinamarca, Espanha e
França também possuem restrições quanto aos nomes.Na China, as pessoas podem
ser obrigadas a mudar de nome se este for considerado obscuro.
Os Estados Unidos, por seu turno,
têm uma postura mais liberal, pois a escolha dos nomes dos filhos pelos pais é
considerada manifestação da liberdade de expressão; assim, qualquer intervenção
governamental resultaria em violação de princípios constitucionais.
Em termos de liberalidade, porém,
o Brasil é campeão. De modo geral, os pais desejam que seus filhos tenham nomes
únicos, diferentes, e a criatividade brasileira parece não ter limites, com
seus Vandercleysson, Richarlyson, Keirrison, Kimarrison, Radamésio (Radamés é
nome do principal personagem masculino da ópera Aída, de Giuseppe Verdi,
e emprestou seu nome ao compositor e maestro Radamés Gnatalli, mas a variante
Radamésio é inusitada), Erinovaldo, para citar apenas jogadores de futebol, sem
esquecer o festejado Neymar. Também não faltam homenagens a artistas famosos:
Maicon Jéquisson (Michael Jackson), Joleno (John Lennon).
A propósito, Oswald de Andrade
não batizou nenhum de seus filhos como “Lança-Perfume Rodometálico de Andrade”;
isso é lenda.
De outra parte, contudo, há
países em que a limitação dos nomes próprios aparentemente possui um outro
objetivo: impedir a absorção de estrangeirismos no intuito de manter a “pureza do
idioma”. É o caso da Islândia, que possui uma
lista de 1.853 nomes femininos e 1.712 nomes masculinos. Os pais devam embasar
suas escolhas nessa compilação ou, então, pedir autorização a um comitê
especial. Lá, o nome Carolina é rejeitado – mas é aceito o nome Elvis.
Há
que se cogitar, no entanto, se esse “purismo” visa a resguardar a gramática da
língua, como expressão de orgulho nacional, ou se é manifestação de xenofobia
linguística.
Seja
pelas transações comerciais, quase tão antigas quanto a própria humanidade,
seja por meio de intercâmbios de estudo, que já existem há séculos, seja mesmo
pela culinária, ou ainda em virtude de casamentos entre pessoas de
nacionalidades diferentes, sempre houve contato entre as várias línguas, com a
apropriação de vocábulos em maior ou menor grau.
Assim,
não se pode considerar que esse fenômeno esteja adstrito à modernidade, e os
nomes próprios são apenas uma parte dessas constantes apropriações. Os
empréstimos de outras línguas podem pertencer a épocas tão remotas, que já não
nos damos conta da origem de certas palavras.
De
qualquer modo, esse conceito de “pureza” é bastante falho. Num mundo em que a
tecnologia e a economia põem tudo e todos em contato, a globalização afeta
igualmente as línguas.
(Etimologia
– Ortografia)
Tirar o H de homem, o CH e escrever xuva? Nao sei se facilita o aprendizado. Sera?
ResponderExcluirO que a gente sabe é que sao incorporadas novas palavras aos dicionarios de varios paises e idiomas. O vocabulario aumenta. Os nomes proprios tem variacao na forma de escrever em cada pais. Sim, globalizacao. Aprender palavras em diferentes idiomas, aprender uma nova lingua, ampliar o pensamento faz a gente deixar de ser preguiçoso na hora de comunicar-nos. Nao acha?
Parabens pelo texto!