Por Luiz Roberto de Aguiar.
Dias atrás
enquanto eu observava um noticiário a respeito da Copa do Mundo da FIFA no
Brasil, eu me alegrei e me surpreendi ao mesmo tempo: o que me chamou a atenção
foi o fato de haver tantas pessoas juntas, confraternizando-se em cada uma das
sedes dos jogos, não só no interior dos estádios, mas nas ruas, nos bares, nas
casas, praças e avenidas.
Tem sido
incrível ver tantas pessoas de características, culturas, idiomas, trajes e
hábitos tão diferenciados se confraternizarem antes, durante e depois dos jogos
independentemente dos resultados, numa convivência tão festiva, cheia de
emoções, de carinho e respeito pelas opções alheias.
O futebol se
mostra ser este veículo, que é surpreendentemente capaz de promover essa
comunhão entre os diferentes povos que circulam atualmente por esse país de
medidas continentais. Vencer as
dificuldades do idioma, das instalações tão caras e muito raras em outros
locais, com gente dormindo nas cadeiras desconfortáveis dos aeroportos.
Povos não
amigos, com relações comerciais e políticas distantes e controversas, se cruzam
em campo e temos visto jogadores oponentes cumprimentarem-se, respeitarem-se e
jogarem um futebol limpo, com as torcidas lado a lado nas arquibancadas, rindo
e chorando juntas. Uma grande festa de cores nas vestimentas, nas fantasias e
nos rostos pintados, nos uniformes das seleções.
Dentro de campo
as coisas não tem sido diferentes, os jogadores buscam com todo o esforço a
vitória, poucos são os lances violentos e muitas têm sido as grandes defesas
dos goleiros, porém, os gols nos alegram com sua média, a qual é uma das mais
altas das últimas copas.
Surge então a pergunta:
Será que só o futebol é capaz de unir, mover, gerar recursos, dar alegrias e
monopolizar a atenção, dedicação e o compromisso de milhares de pessoas de
tantas nações diferentes para um mesmo objetivo?
Eu gostaria de
dizer que não! Mas me é muito complicado responder a isto sozinho.
Antes desejo
falar de outro sentimento e momento histórico na vida mundial, o qual foi, é e
será sempre muito importante para cada povo e nação.
Meus
questionamentos se afloraram ao ler a seguinte frase de autoria de Martin
Luther King: “O amor é a única força capaz de transformar um inimigo num
amigo.”
Um turbilhão de
pensamentos invadiu minha mente e passei a refletir sobre a frase acima e a
situação da Copa do Mundo no Brasil. Talvez o amor ao futebol seja o grande
combustível para tamanha união entre povos tão diferentes, conforme já citamos
anteriormente.
Embora esse amor
possa causar toda essa comoção, o amor citado por Martin Luther King está numa
outra conotação, aqui se menciona o amor fundamental de um ser humano por
outro, independentemente do que se recebe ou se dá, de se ganhar ou perder, de
ter uma boa seleção ou não. Luther King mostrou em seus discursos, em sua vida
e luta dedicada a promover a igualdade entre negros e brancos, que é possível
ao ser humano independente de cultura, de condição social e outras diferenças,
viver sob a manifestação do amor que une, que respeita, que proporciona o bem
alheio sem buscar ou praticar a desonestidade em qualquer de suas formas.
O amor que vem
do mais profundo do ser humano, que surge como valor fundamental para todo e
qualquer relacionamento, amor que para ser construído exige sacrifício,
esforço, dedicação, compromisso e valorização do sentimento alheio mais do que
o sentimento pessoal.
O amor por si de
forma idêntica ao amor dedicado ao outro. Sentimento que pode no caso dos
brasileiros nos levar a uma conscientização social, moral e política que nos é
extremamente necessária pelo momento em que vivemos e também pelo momento das
eleições, que logo logo estarão se apresentando diante do povo brasileiro.
Assim como
Martin, eu tenho um sonho. Que cada brasileiro aproveite muito bem esse tempo
de Copa do Mundo, tempo de convívio entre povos tão cheio de alegrias, de
respeito e festas. No entanto, que toda essa energia preencha nosso amor
próprio, e a partir daí venhamos a analisar muito bem nossos candidatos para as
próximas eleições,
Busquemos eleger
os melhores candidatos possíveis e esses candidatos também tomados pelo
sentimento de amor pelo país e por seu povo, realizem candidaturas extremamente
diferenciadas daquelas que temos presenciado. Meu sonho é que pensem e venham a
agir com ética, respeito, buscando solucionar as necessidades do povo
brasileiro sem se apropriarem do dinheiro público, atuando de forma a
posicionar o Brasil como a grande nação que a muito se espera que seja e que
sabemos que pode ser.
Meu sonho é que
o amor passe de uma palavra bonita, cantada e desenhada, para a atitude diária
de cada ser humano.
Luiz Roberto de Aguiar é Pós-graduado em Aconselhamento pela Faculdade Batista Teológica de São Paulo, professor de Filosofia para Crianças e Palestrante sobre Prevenção ao uso de Drogas. Escreve todas as quintas-feiras a coluna Ética e valores para o blog da editora Nova Alexandria. Contato: luizão.filosofia@yahoo.com.br.
11 Histórias de Futebol. Neste livro, a maior paixão esportivados brasileiros é vista pelo olhar de 11 grandes escritores contemporâneos denossa literatura, numa rara combinação entre campo de futebol e campoliterário. Mesmo quem não é tão fã do esporte das multidões encontrará aquimotivo para vibrar com as decepções e glórias dos personagens tangidos pelojogo da vida. Traduzido para o alemão para esta copa de 2014, o livro, com onome Samba Goal, já ganhou a Europa e o coração do leitor germano.
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