terça-feira, 15 de abril de 2014

POR DENTRO DA ESCOLA - Liberdade não é fruto do acaso

Por Jeosafá.

No sábado passado tive o prazer de participar do evento de exposição de trabalhos de alunos no Colégio Sílvio Gonzales, na Freguesia do Ó. Dia claro, de céu azul e vento agradável. Fui recebido pela professora Renata, coordenadora das turmas das séries finais do Ensino Fundamental, cujo sorriso desarma o mais mal humorado e casmurro dos seres sobre a terra. Em seguida, conheci a professora Sílvia que, subindo e descendo escadas na organização, não se descuidou um segundo da cordialidade e dos cuidados com alunos e pais de alunos. Recebi um abraço fraterno do professor Aguiar, de Filosofia, e o verdadeiro furacão de energia chamado professora Mirian, de português.

Embora profissional do livro desde há muito e exclusivamente, há seis anos, me senti de novo professor, fui tratado como colega pelos pares e me senti à vontade para converter a manhã de autógrafos numa de minhas autênticas aulas: a aula-entrevista.

Quando lecionei para turmas de 11 a 14 anos (Fundamental) e de 15 a 18 (Médio), era um de meus formatos preferidos: organizava pesquisas fora de sala de aula e, depois, entrevistava os alunos acerca de suas descobertas.

Fiquei surpreso na manhã do Sílvio Gonzales quando várias mãos se ergueram na plateia do auditório quando desafiei que alguns subissem ao tablado do teatro para serem entrevistados. Mas a surpresa não se justificava, pois o trabalho realizado pela escola seduz os alunos à fala pública, à reflexão coletiva e, em que pese a inibição característica da idade, à exposição pública da opinião individual.

O tempo só permitiu a entrevista de cinco estudantes que, tendo lido O Diário Secreto das Copas, fizeram questão de informar à plateia suas preferências. E o fizeram em português claro, em frases límpidas, com dicção adequada à situação. A ponto de vários pais de alunos, animados com os jovens, erguerem o braço para participarem do debate. Pelo aperto do horário, apenas um pode fazer uso da palavra, e expressou sua animação pelo que ouviu dos jovens.

Eis que, após minha participação, os próprios alunos foram chamados ao tablado para a manhã de autógrafo do livro coletivo de poemas escrito por eles mesmos, Fé, esperança e amor, sob orientação dos professores Júlia, Mirian e Aguiar e pela autora Sueli de Oliveira e pelo agente literário Rocio Del Pilar

Embora o evento tivesse como centro os autógrafos dos livros - o meu e o deles -, o que se elevou de mais importante foi a oportunidade proporcionada pelo colégio e seus professores aos jovens, que viveram integralmente uma das maiores liberdades do mundo: a de expressar sentimentos e ideias por meio da palavra - essa liberdade que não é fruto do acaso, mas conquista coletiva, neste caso dos jovens e da escola, que, assim, estão de parabéns por escolherem entre tantas alternativas à disposição de todos, a mais difícil, porém mais definitiva: a LIBERDADE.

3 comentários:

  1. Jeosafá,

    Parabéns pelo belo trabalho e pelas belas palavras a cerca ao evento do Colégio Silvio Gonzalez, no qual eu estava inserida também.

    Adorei sua explanação de que os jovens do colégio tiveram a coragem de se expressar, ora na escrita de Fé Amor e Esperança e ora na leitura de seus próprios poemas em cima de um palco e microfone na mão. Isso para orgulho dos pais que acompanharam o evento.

    Acredito que faz uma grande diferença, diante do mundo em que vivemos de tantas turbulências, uma escola adotar para trabalhos em sala de aula, livros como os nossos.

    Um grande abraço!

    Sueli de Oliveira Lima Paulo

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    1. Prezada Prof.a Sueli:

      O evento do sábado foi intenso. Em razão disso, não consegui conhecer e falar com todos os colegas que contribuíram para aquela beleza que todos viveram. Com certeza, não faltarão oportunidades de realizarmos projetos junto. Parabéns a você e a todos que se empenharam para escrever esse capítulo importante na vida dos jovens e seus pais. A comunidade o Sílvio Gonzales deve se orgulhar dos professores que tem.

      Coruja que sou, convido-a a ler a coluna JOVEM LEITOR, deste blog, escrita por meu filho Ulisses.

      Abraço e Boa Páscoa a você e a todos do Colégio e suas famílias.

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  2. Profº Jeosafá (espero poder chamá-lo assim):

    Estar junto aos alunos não tem preço! Leciono na Rede Estadual desde 20107 (contudo, em 2013 eu a deixei para dedicar-me apenas à rede particular) e já presenciei muitas situações que me deixaram feliz e outras tantas que me decepcionaram. O alunado, hoje, não está mais preocupado em apreender conteúdo ou nem mesmo em tirar nota, visto que, o Governo o aprova e lhe dá o diploma da ignorância. Fatos (como o descrito acima por você) nos emocionam, pois externam a mais primata de todas as características que um aluno deveria ter: ser dedicado ao que lhe foi solicitado. Com isso, esses alunos externaram a capacidade que eles têm de fazer e 'aparecer' de modo significativo perante uma plateia (seus pais) sedenta para reconhecer o talento de cada aluno (seus filhos). Eu, como leitora de seu depoimento, vi-me naquela apresentação e consegui sentir e ouvir cada palavra de cada aluno. Com isso, passei a sonhar com uma Educação no Estado onde os alunos serão dedicados e capazes de passarem de ano e seguirem suas vidas acadêmicas sem que haja uma ponte chamada Sistema para os representar. Na escola particular essa realidade é refletida constantemente em nossas Mostras Culturais e Feiras de Ciências. Em breve você será convidado a presenciar uma dessas e a ver como nossos alunos são surpreendentes! Enquanto isso, fica-nos a imagem tão bem descrita por você, de crianças que permeiam a Educação tão sonhada por meros mortais, os professores!

    Um abraço!

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