A Casa Amarela debate cultura na Zona Leste nas décadas de 1980 e 1990.
Por Jeosafá.
Estive sábado passado (26/04/14) n' A
Casa Amarela, espaço cultural, em São Miguel Paulista, a convite do
cineasta João Luiz de Brito Neto (Botinas no elevador, Brasil,
2010), para o lançamento do livro MovimentAções
pela Cultura: Um painel dos movimentos culturais de região Leste de São Paulo,
1980-1990, de Patrícia Freire de Almeida, Julio Cesar José Marcelino e João
Luiz de Brito Neto.
Com o auditório lotado, o debate seguiu quente durante mais de duas
horas, em que o papel dos movimentos culturais, dos artistas e sua difícil
relação com o Estado, nas três esferas (federal, estadual e municipal)
estiveram em foco.
Além do resgate da experiência dos anos 1980 e 1990 na Zona Leste de
São Paulo, debatedores e público examinaram a década de 2000 e a situação atual
da cultura e dos movimentos em São Paulo, muitas vezes ameaçados em sua
autonomia pela dependência excessiva em relação ao Estado, que se por um lado
estimula a produção via editais, por outro preserva a situação de
instabilidade e precariedade do setor, uma vez que esses mesmos editais não têm
caráter perene e muitas vezes resultam em práticas clientelistas.
A Apresentação do livro é esclarecedora:
No início do século XXI presenciamos uma
grande mobilidade de grupos e coletivos
Assim, a partir da recuperação das lutas pela democratização da
cultura nas décadas que serviram de espaço de pesquisa e reflexão aos autores,
o presente é posto em foco, de maneira a tornar vivo um passado recente, mas
cujas promessas de esperança ainda não se realizaram completamente. Na mesma
Apresentação, ao final, sobre esse particular, os autores argumentam:
Entendemos que o presente material pode
contribuir para ampliar e enfatizar a necessidade de haver outras perspectivas
para a construção da história da cidade de São Paulo, proveniente de pessoas, grupos
e movimentos organizados das regiões afastadas do centro da metrópole,
trazendo-os para a grande História em estigmatizar ou supervalorizar,
considerando que até mesmo a tentativa de construção destas estrutura
ideológicas dentro dos próprios movimento é importante para entender suas
contradições.
Embora a publicação e o debate tenham realizado uma espécie de balanço
de décadas, o horizonte dos presentes, artistas e líderes culturais, foi a busca
pela construção de um projeto concreto que, no campo da cultura, institua um
clima fértil de produção cultural com repercussão em políticas públicas, mas
sem a tutela do Estado que, na opinião dos presentes, deve ter papel
estimulador e democratizante, mas nunca direcionador ou dirigista, o que é sempre o pior dos mundo para a livre criação.
A Casa Amarela – Espaço Cultural está localizada em São Miguel
Paulista (SP), iniciou suas atividades em Março de 2011 e foi pensada para, em
todos seus ambientes, respirar a criação humana e seus desdobramentos onde
música, teatro, literatura, cinema, artes visuais, filosofia, história ou
simplesmente a conversa entre seus visitantes possa ser aconchegante e
convidativa para novas descobertas.
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