terça-feira, 29 de abril de 2014

PELA CIDADE - A Casa Amarela pulsa vida

A Casa Amarela debate cultura na Zona Leste nas décadas de 1980 e 1990.

Por Jeosafá.

Estive sábado passado (26/04/14) n' A Casa Amarela, espaço cultural, em São  Miguel Paulista, a convite do cineasta João Luiz de Brito Neto (Botinas no elevador, Brasil, 2010), para o lançamento do livro MovimentAções pela Cultura: Um painel dos movimentos culturais de região Leste de São Paulo, 1980-1990, de Patrícia Freire de Almeida, Julio Cesar José Marcelino e João Luiz de Brito Neto.

Com o auditório lotado, o debate seguiu quente durante mais de duas horas, em que o papel dos movimentos culturais, dos artistas e sua difícil relação com o Estado, nas três esferas (federal, estadual e municipal) estiveram em foco.

Além do resgate da experiência dos anos 1980 e 1990 na Zona Leste de São Paulo, debatedores e público examinaram a década de 2000 e a situação atual da cultura e dos movimentos em São Paulo, muitas vezes ameaçados em sua autonomia pela dependência excessiva em relação ao Estado, que se por um lado estimula a  produção via editais, por outro preserva a situação de instabilidade e precariedade do setor, uma vez que esses mesmos editais não têm caráter perene e muitas vezes resultam em práticas clientelistas.

A Apresentação do livro é esclarecedora:

No início do século XXI presenciamos uma grande mobilidade de grupos e coletivos
culturais das regiões periféricas da cidade de São Paulo que buscam participar e interferir na construção de políticas públicas de cultura que contemplem a suas necessidades de expressão e reconhecimento.
 
Assim, a partir da recuperação das lutas pela democratização da cultura nas décadas que serviram de espaço de pesquisa e reflexão aos autores, o presente é posto em foco, de maneira a tornar vivo um passado recente, mas cujas promessas de esperança ainda não se realizaram completamente. Na mesma Apresentação, ao final, sobre esse particular, os autores argumentam:

Entendemos que o presente material pode contribuir para ampliar e enfatizar a necessidade de haver outras perspectivas para a construção da história da cidade de São Paulo, proveniente de pessoas, grupos e movimentos organizados das regiões afastadas do centro da metrópole, trazendo-os para a grande História em estigmatizar ou supervalorizar, considerando que até mesmo a tentativa de construção destas estrutura ideológicas dentro dos próprios movimento é importante para entender suas contradições.


Embora a publicação e o debate tenham realizado uma espécie de balanço de décadas, o horizonte dos presentes, artistas e líderes culturais, foi a busca pela construção de um projeto concreto que, no campo da cultura, institua um clima fértil de produção cultural com repercussão em políticas públicas, mas sem a tutela do Estado que, na opinião dos presentes, deve ter papel estimulador e democratizante, mas nunca direcionador ou dirigista, o que é sempre o pior dos mundo para a livre criação.

A Casa Amarela – Espaço Cultural está localizada em São Miguel Paulista (SP), iniciou suas atividades em Março de 2011 e foi pensada para, em todos seus ambientes, respirar a criação humana e seus desdobramentos onde música, teatro, literatura, cinema, artes visuais, filosofia, história ou simplesmente a conversa entre seus visitantes possa ser aconchegante e convidativa para novas descobertas.

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