quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Da gratidão, esse negócio caro que faz da vida um barato

Por André J. Gomes.

Olha, eu não sei se você acredita nessas coisas. Eu acredito. Comigo dá certo sempre e com você não há de ser diferente. É que eu rezo, sabe? Rezo de manhãzinha. Depois, várias vezes até a noite eu agradeço. Agradeço mesmo. Assim, no duro! Agradeço a Deus! Aperto os olhos e penso comigo: "Obrigado! Muito obrigado!”
Levo a maior fé nas coisas divinas, nas altas esferas, nas razões do imponderável. Tanto que vou rezar por você. Não precisa se preocupar, não vai custar nada. Descanse. Essa história vai passar e depois você e eu e a turma vamos rir disso tudo. Eu acredito.

Dia desses encontrei pessoa conhecida, amiga antiga, moça que conhece você também. Ali, em nossa conversa de calçada, coisa breve, repassamos a vida inteira. "Lembra do fulano? Que fim deu? E o beltrano, ah, era tão engraçado! A sicrana eu vejo de vez em quando. Diz que anda feliz!" Falamos tanto e o mundo passando. Lembramos os velhos, trouxemos os novos. E falamos de você. Falamos tanto de você!


Olha, eu não tenho muito, sabe? Nunca tive, não. Assim, na ponta do lápis, somo duas calças compridas, meia dúzia de camisetas, uma camisa de botão, essa jaqueta surrada como a sexta-feira, pequenas porções de comida, dois tostões aqui e ali.
É que eu também acredito que assim, levando tudo aos pouquinhos, fica mais fácil seguir em frente. Sobra mais espaço para o que importa mesmo. E o que importa mesmo começa e termina no afeto da nossa gente.

Eu sou desse povo que agradece. Nessa vida o que vem é lucro. Estamos vivos, ué! Gratidão faz bem! Quando a gente agradece, o céu escancara uma porta enorme e deságua sobre nós um mundo de sorte. Agradecer é o jeito mais simples de renovar o nosso visto de permanência aqui embaixo. Quer ficar? Tem de merecer. E você merece, merece muito. Não repare, não. Mas eu dei de pensar nos amigos com gratidão.
Você me desculpe se pareço assim meio aborrecido, mas é que hoje eu acordei com uma vontade honesta de pedir por você. Estamos vivos num mesmo tempo e quase no mesmo espaço. Tão perto um do outro apesar das distâncias. E isso não é pouco. Não é pouco, não.

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