Por Rômulo Reis Cesco.
Acredito que conforme se acumulam os casos, mais e mais
carma vem junto. A amargura do "e se". Depois de um tempo não há
racionalidade em se adequar aos joguinhos idiotas de sedução e refrear o
impulso de abordagem acaba se tornando natural, visto que com aquele contato,
para se conseguir o esboço de uma entrega necessita-se de todo um aparato de
regras sociais a serem cumpridas - deve-se haver elogios, deve-se haver
mostrado interesse para que se diga o que os olhos e o sorriso de canto de boca
já dizem há muito.
Depois de um tempo se cansa dessa perspectiva. Então há uma reserva
natural, uma inserção, um mergulho em si, e à cada respirar, um contemplar o
mundo com diferentes perspectivas e argumentações. Não há a necessidade de
dispensar atenção há outro alguém senão você, e quem vier precisa saber disso -
porque uma vez, ou outra nos rendemos à essas convenções sociais. É preciso
delimitar o espaço de apreço e tudo não passa de uma amizade.
A paixão é desvairada mas de curta duração, não devemos
esperar dos outros mais do que eles são. Essa é amargura do "e se",
já houve tantas quebras de arquétipos que se pára de amar imagens
pré-concebidas, você se vê admirando a pessoa em todas suas virtudes - essas
que você aprendeu a admirar depois de tanto tempo, então se descobre
apaixonado... Descubro ser um amargo analítico. O difícil é achar alguém que
saiba amar também.
Rômulo Reis Cesco é granduando de Direito pela Universidade São Judas Tadeu. Seus textos de natureza crítica assumem, porém, aspecto poético, e posicionam a condição da humanidade em geral e do jovem em particular sob a luz da reflexão filosófica. Seus textos são um convite ao compartilhamento e à solidariedade.
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