quinta-feira, 8 de maio de 2014

SP: ZONA NORTE - Casarão ocupado está em boas mãos: do povo

Da esquerda para direita: Milena, Marrom (Vinicio), Geovane, Mário, Beá, Juninho e Maicon.

Por Jeosafá.

Pela segunda vez na semana estive com os jovens que realizam a ocupção do casarão da Prefeitura de São Paulo, em vila Guilherme, Zona Norte de São Paulo.

O operário metalúrgico e bacharel em filosofia, Mário Silva Lima, do Fórum Mudar São Paulo,
e o prof. Marcos Silva, de História da USP e do grupo Ô de Casa,
participam de reunião com lideranças do movimento.

Esse casarão já foi escola, sede da antiga Administração Regional (antecessora da Sub-Prefeitura) e na administração Serra-Kassab, após a mundança da sede adminstrativa para um prédio novo, ficou largado às traças, com campim nascendo no lado externo e sem manutenção.

Prédio tombado pelo Patrimônio Histórico, durante a companhe eleitoral, o então candidato a prefeito Fenando Haddad se comprometu junto aos jovens e à comunidade local a dar um destino condigno ao bonito edifício, cuja escadaria interna se vê na foto acima. A demanda no encontro com o então candidato era (e continua sendo), que o prédio fosse restaurado e se tornasse um centro cultural gerido pela Secretaria de Cultura do Município de São Paulo.

Porém, já na metade da gestão do agora prefeito, a comunidade foi surpreendida pela iniciativa da administração do agora prefeito, que na prática privatiza a gestão do espaço, entregando-a a uma ONG. Quais critérios teriam sido adotados para entregar um patrimônio público dessas proporções a uma entidade privada, sem licitação, é alvo de críticas inclusive de parlamentares aliados do prefeito (leia artigo do dep. Antônio Mentor clicando aqui).

O artista plástico e professor arte-educador Claudinei Robertoque no mês de maio
embarca com jovens da Zona Norte de São Paulo para Washington (EUA), em
visita a museus, em projeto do Museu Afro-Brasil, empresta solidariedade
ao movimento de ocupação do casarão em vila Guilherme.

Nas visita que realizei, observei que os jovens mantém o interior e as imediações do prédio em perfeita limpeza. Durante o dia e à noite, são realizadas reuniões sobre a ocupação, que avaliam as negociações dos líderes do movimento junto à Câmara Municipal, à Assembleia Legislativa e também ao gabinete do prefeito, que deve reunir-se com movimento em breve, segundo a comissão, que reúne representantes de diversos grupos e coletivos culturais, entre os quais os Amigos da Vila Maria (Maicon, Giovane, Marron), o Centro Cultural Comunitário Nelson Mandela - CCCNM (Cristiano, o BEA - pronuncia-se beá - e Fagner Silva Mendes); o Centro Independente de Cultura Alternativa - CICA (Juninho Blak Style - Darcy Barbosa Junior);  Grupo Social Reviver (Juliano Bonarte). Presentes também na visita de apoio o Grupo Ô de Casa (diretor teatral Eli Clemente e o professor e músico Marcos Silva); o Fórum Mudar São Paulo de Cultura e Educação - FMSP (metalúrgico e bacharel em Filosofia Mário Silva Lima e o professor e escritor Jeosafá Fernandez Gonçalves) e o Ateliê Oço (artista plástico e professor arte-educador Claudinei Roberto).

Na reunião desta quarta-feira (7 de abril), organizou-se a atividade ZONA NORTE SOMOS NÓS. Essa ação cultural acontecerá no dia 16 de abril, a partir das 19:00h, em torno do livro ZONA NORTE, 32 exemplares do qual doados pelo autor. Após debate e entrevistas sobre o tema do livro, o grupo Ô de Casa realizará seu belo Sarau Caipira, com interpretação de canções e declamações de poemas.

O Fórum Mudar São Paulo de Cultura e Educação encaminhará uma lista de apoio à ocupação do casarão pelos jovens do movimento cultural da Zona Norte. Essa lista procurará reunir assinturas de intelectuais, artistas e lideranças do mundo da cultura em torno das reivindicações que podem ser resumidadas em três itens:

  1. Não à privatização ou terceirização do casarão (Fora a chamada PPP).
  2. Que o casarão passe diretamente à alçada da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo.
  3. Que seja garantida ampla participação da comunidade na gestão democrática do espaço.

Hoje, há um saudável movimento de apoio de outros grupos de várias regiões de São Paulo à ação dos coletivos culturais que, bem articulados e com objetivos muito claros, lutam para que a Zona Norte ganhe um espaço cultural em um patrimônio que tem história e que, por isso, não pode ser privatizado, ainda que com aparência de "parceria público-privada", nem se tornar mais um quartel da polícia. Para os jovens, o prefeito precisa entender que "quanto mais espaços de cultura, menos quartéis serão necessários na Zona Norte ou em qualquer outro lugar do mundo".


Jeosafá é autor de ficção, poesia, ensaios e obras para formação docentes. Professor, lecionou por mais de 15 anos para a Educação Básica e para o Ensino Superior. Toda terça-feira, publica a coluna Por dentro da escola, para o blog da editora Nova Alexandria.




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