terça-feira, 27 de maio de 2014

O PENSAMENTO VOA - Pequenas coisas, felicidade sóbria

Por Rômulo Reis Cesco.

Ele estava atrasado, não gostava de se atrasar, metódico como era, estar atrasado e ao mesmo tempo sorridente era algo raro. Estava andando rapidamente sob o sol paulistano. No seu pensamento, um beco sem saída, muitas palavras amontoadas sobre apenas um só propósito, um nome, o dela. Ou delas. Nunca soube como dizer, como identificar, como viver o momento. Pensava no futuro, planejava seus passos, mas ao tentar executar, sua reação era diferente, seus olhos o denunciavam. Botou seus óculos escuros. 

Passava andando, sorrindo por entre os transeuntes apressados, que com toda a certeza estavam se preocupando com coisas irrelevantes, como trabalho, dinheiro, aluguel... Ele pensa consigo como o mundo é mesquinho e ninguém mais se importa em ver o outro sorrir... Vinícius doa uma moeda pro mendigo e troca algumas palavras, de atitude nobre e sem peso, o garoto bem arrumado dá um abraço no morador da casa dos carros. Sai sorrindo e vai em direção ao parque central, uma exposição tem início no outro lado da rua, bandeiras, cavaletes, estilos variados, pessoas novas, novos rostos, novas histórias.

Adentrou, olhou pro lado - olhou pro outro e viu bancos -, sentou, fumou um cigarro esperando a ligação, pra dizer onde estava pra talvez a musa de uma nova canção. Esperou, atendeu a esperada ligação, falou e relaxou, esperou.

Ela chegou, ele sorriu, ela enrubesceu. Ele pensava o quão linda ela era. Como qualquer roupa se encaixa, qualquer gesto se faz próprio, qualquer brincadeira, quaisquer que fossem os atos, desmedidos ou não, cabiam nela como peças de quebra-cabeça. Se sentia encantado pela beleza despreocupada que ela possuía, ele se jogava no mundão só pra ver aquele olhar e chamar ela de "cabeção" enquanto resistia à todos os impulsos que lhe tomavam. "Deixa ela falar,deixa eu olhar, me deixa admirar", pensava consigo mesmo ao lutar consigo mesmo...

O sol estava no seu ponto mais alto, conversaram, riram e beijaram-se, como de praxe, decidiram ir a outro parque, cansaram, ela reclamava de tudo, contava de tudo, mente aberta mas extremamente fechada,  um contraponto interessante, equilibrado, encantador. Ele passa demorados momentos a estudar as expressões dessa garota, em suma, interessante.

Enfim chegam ao parque,  deitam na grama, a grama causa coceira, ele está sem camisa em razão do calor infernal que se instalou na capital, ela está tentando derrubá-lo a cada tentativa que ele faz pra se levantar...
Ele repara em tudo nela pois não pode deixar escapar nada, precisa guardar cada gota desses momentos que a vida proporciona, pois em verdade vale a pena... 


Patos a encantam e ele se encanta por tal encanto... Ele vê a chama do amor arder onde existia uma fortaleza de gelo; poderia ficar horas admirando aquela energia positiva que ela exalava, era como um perfume cheio de nuances, ela é uma nuance ambulante. Encantadora nuance de pequenos humores, pequenos rumores, grandes olhares, deslumbrantes gestos e um andar de tirar o fôlego. Sorri pro horizonte pensando como o mundo é pequeno e as pessoas ás vezes não percebem os diamantes que têm nas mãos...

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