Cláudio, com a filha, em um parque de Cingapura.
Por Cláudio Henrique dos Santos.
Uma matéria publicada no Financial Times e reproduzida no jornal Valor de 23/04 mostra que a história que eu conto no livro “Macho do Século XXI” é cada vez mais atual. O Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido divulgou um estudo recente que já contabiliza 229 mil homens exercendo o papel de donos de casa, número que praticamente dobrou nos últimos 20 anos. Nos Estados Unidos, as estatísticas são parecidas. Cerca de 550 mil homens cuidavam da casa no final da década passada – na década de 70 eram 280 mil.
Acredito que
mais importante do que os números é entender os motivos que estão por trás
dessa decisão. Segundo o Financial Times, a decisão não é somente econômica.
Uma boa parte das esposas ganham mais do que seus maridos. E como o custo para
pagar alguém para cuidar dos filhos e da casa seria alto, fazia mais sentido
que o homem abandonasse o emprego. Mas além disso, os pais acreditam que é
melhor ter alguém no casal mais próximo dos filhos do que encarar malabarismos
para administrar duas carreiras profissionais, babás e creches.
A princípio,
as mulheres parecem ser as que mais se beneficiam com a decisão. Mais aliviadas
das responsabilidades domésticas, elas podem concentrar-se em suas carreiras.
Mas os homens mostram-se orgulhosos por apoiarem suas esposas e ao mesmo tempo,
poderem cuidar de perto da educação dos filhos. Em resumo, trata-se de uma
decisão madura, onde todos saem ganhando.
Gostei muito
da frase de um dos entrevistados da matéria: “é preciso ser muito homem para
fazer esse trabalho”. Acredite, não é exagero. E eu acrescentaria, ainda, que
ficar em casa pode ser um desafio maior do que qualquer emprego. A minha vida
de dono de casa melhorou muito quando eu comecei a fazer analogias com as
situações que eu encarava quando era um executivo. Cuidar de uma casa e dos
filhos requer uma série de habilidades. E muitas vezes, temos que começar algo
do zero, ao contrário de uma empresa, onde você conta com todos os recursos e
conhecimentos para realizar suas tarefas.
Embora sejam
super valorizados por suas esposas – e não poderia ser diferente – é natural
que os homens tenham seus dilemas, que não sou poucos. Sempre pinta uma culpa
por não trazer um salário para casa. Outros acham que ficar em casa é tedioso,
e muitos sentem falta da vida ”social” no escritório e de desafios
intelectuais. Isso não é fácil mesmo, tanto que escrevi no meu livro sobre a
“solidão intelectual” que eu sentia.
Mas o mais
bacana é ver que apesar dos problemas, cada um vai se ajeitando como pode. E
todos estão curtindo demais o contato mais próximo com os filhos, algo que não
tem preço.
Eu costumo
sempre dizer que atualmente fala-se muito no equilíbrio entre vida pessoal e
trabalho, algo que em meio à correria do mundo competitivo de hoje, parece um
objetivo cada vez mais distante. Não existe uma solução mágica para isso e nem
sempre é possível abrir mão do salário de alguém para cobrir as despesas da
casa. Mas uma coisa é certa: o trabalho em equipe pode ser uma boa saída para
alcançar a tão sonhada vida familiar em harmonia.
A matéria do
Financial Times reproduzida pelo Valor pode ser acessada no link a seguir, que
necessita de pré-cadastro para acesso: http://www.valor.com.br/carreira/3523228/pais-ficam-em-casa-para-ajudar-maes-investir-na-carreira#.
Caso você não tenha ou não queira fazer seu cadastro, segue abaixo uma imagem
da matéria, que você pode salvar e ampliar para sua leitura. Recomendo demais.
Trata-se de um bom resumo das situações que eu abordo no meu livro. Boa
leitura!
Claudio Henrique dos Santos é jornalista formado pela
Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, em São Paulo. Desenvolveu a maior parte
da sua carreira profissional nas áreas de de Comunicação Corporativa e de
Relações Institucionais, principalmente na indústria automobilística. Em 2010 foi
morar em Cingapura, acompanhando um convite profissional recebido por sua
esposa. Desde então, é sua principal atividade é cuidar da casa e da filha, e
dar em casa o suporte que a família necessita. Escreve às terças-feiras a coluna Macho do século 21, no blog da editora Nova Alexandria.
Leia também a coluna POR DENTRO DA COPA, do jornalista Márcio Arantes. Ele é ranzinza e sarcástico, mas entende do riscado.
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