quinta-feira, 8 de maio de 2014

ESPECIAL DIA DAS MÃES - Mãe, por que não podemos ter face book?

Por Ana Sílvia Fernandes Peixoto.

Lendo a coluna “O Insano de Cada dia, de meu amigo e professor de minhas filhas, Marcos Amaro, onde ele coloca a falta de compromisso dos professores com a leitura, senti-me redimida quanto a uma questão que vez por outra assombra a minha vida familiar. A questão é: - Mãe, por que não podemos ter face book, nem instagran, nem celular?


Minhas filhas têm 11 anos respectivamente, estão no período em que o botão da flor anda está por desabrochar, também se encontram no final da infância, período tão curto, tão prazeroso e tão sublime na formação do ser humano. Ainda possuem olhinhos inocentes e vibrantes e cabecinhas repletas de imaginação. Como esses valores poderiam tão somente ser ignorados?

Por mais estranho que possa parecer, diante desse mundo tecnológico e moderno, seqüestrador das fases da vida, ainda me compraz deparar com um balde de Lego espalhado pelo chão da sala, folhas e folhas de papel com desenhos e textos infantis dispostos pela mesa, sentar no chão e contar histórias, ver carinhas lambuzadas de chocolate, brincadeiras de faz de conta, gargalhadas e desavenças infantis repletas de água com açúcar.

Diante da indagação assombrosa, me vejo obrigada a justificar o meu sonoro não, o que felizmente parece ainda ser compreendido.

Os argumentos que uso são simples e verdadeiros. Deixo claro que o modismo virtual irá afastá-las de muitas coisas e por outro lado as aproximará de dissabores desnecessários.

Tremo em pensar que a leitura do final do dia será trocada por curtidas e relações distantes; que o tal balde de Lego ficará esquecido para sempre; as fotos virarão uma mania esquisita, de caras e bocas, diante de si mesmas em frente a câmera; que as visitas as livrarias serão trocadas pelo isolamento do quarto em companhias virtuais; não saberei sequer de seus amiguinhos, pois não atenderei a telefonemas, que na minha época de infância se iniciavam com: Boa noite Sr (a), eu gostaria de falar com..., muito obrigada; explico a importância da infância, do curto período ainda restante para a diversão, o aprendizado e formação. Ainda, de forma apelativa, sugiro-lhes que o futuro de uma criança bem formada se transformará em um adulto capaz e esclarecido.

Sendo assim, por que pular fases, se elas serão uma realidade por um longo período da vida moderna? Por que entorpecer e paralisar a imaginação? Por que afastá-las da essência pura e simples da vida?

O meu compromisso enquanto mãe em formar um ser humano, em moldar valores, em entregar um cidadão à sociedade, me faz avaliar o quanto o modismo por si só pode trazer graves conseqüências aos desavisados que apenas se entregam ou são entregues de forma irresponsável ao afastamento de si mesmos.

Francamente não vejo vantagem nenhuma em “adultilizar” uma criança, tirando dela a mágica possibilidade do porvir, apenas para atender aos apelos de um mundo que dita padrões insanos de comportamentos e valores.

Será que estou exagerando?

Pode ser, mas ainda assim, prefiro botões tenros por mais tempo e lindas flores a perfumar o futuro. Afinal, com boas sementes formamos um belo jardim.

Luz, paz, prosperidade, saúde e proteção a todos..., sempre!

Desde muito cedo, a escritora Ana Sílvia Fernandes Peixoto (radiestesista genética, terapeuta natural, acupunturista - anasilviappm@gmail.com) se interessou pela história das mulheres, a começar pelas integrantes de sua própria família. Logo, no entanto, passou a questionar, para além da situação feminina em geral, a própria condição humana, transitória, mas que pode ser digna. Seu livro mais recente, Redenção das Bruxas (editora Livro Novo) resultado de suas pesquisas e leituras sobre o universo feminino, busca situar os desafios da mulher nos dias de hoje.



Leia também a coluna Volta por cima, de Samuel Soares.







4 comentários:

  1. Primeiramente, quero dizer que é uma honra ser citado em sua crônica e, mais ainda, sou grato pelo carinho e pela dedicação que investe às suas preciosas pétalas de flores. Ana, a sua mensagem tem muito a ver com a minha realidade. Aqui em casa tenho dois garotos lindos e que sou imensamente apaixonado. Falo isso todos os dias e não me esqueço de dizer nunca, pois estas palavras são mágicas. Nenhum deles possuiu aparelho celular ou acessou demais as redes sociais até completarem 15 aninhos. A idade aqui divide-se em 15 e 17, mas somente o segundo tem mais acesso devido algumas exigências minhas e também do colégio. Quando percebo que a coisa saiu do controle, faço a retirada do objeto para que ele lembre que há vida fora da virtualidade. O menor ainda não utiliza aparelho celular, somente quando necessitamos que entre em contato conosco. Somos exigentes demais em relação à educação e à leitura. Enfim, ter filhos significa trabalho eterno. Parabéns pelo texto e pela proposta.

    Abraços,

    Marcos Amaro

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    1. Marcos, fico feliz que mais e mais pessoas pensem assim. Além da exposição demasiada em uma fase muito pouco experiente, deixa de considerar a importância da vida real. Essa bandeira eu, faço questão de levantar sempre.
      Grata pelo comentário. Abraço!

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  2. Querida amiga,
    Realmente, a internet e tudo aquilo que a permeia nos ajuda mas também nos atrapalha demais. Não podemos mais viver normalmente, tornamo-nos escravos da tecnologia. Até onde isso vai?

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    1. Realmente Shirley, acho uma aberração que esse mundo virtual e tecnológico esteja devastando a infância, e o que é pior, com o aval de pais e educadores. O avanço tecnológico é importante sob vários e vários aspectos, mas tem invadido a fronteira do razoável.
      Um grande beijo, amiga e grata pela visita!!

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