Da esquerda para direita: Milena, Marrom (Vinicio), Geovane, Mário, Beá, Juninho e Maicon.
Por Jeosafá.
Pela segunda vez na semana estive com os jovens que realizam a ocupção do casarão da Prefeitura de São Paulo, em vila Guilherme, Zona Norte de São Paulo.
O operário metalúrgico e bacharel em filosofia, Mário Silva Lima, do Fórum Mudar São Paulo,
e o prof. Marcos Silva, de História da USP e do grupo Ô de Casa,
participam de reunião com lideranças do movimento.
Esse casarão já foi escola, sede da antiga Administração Regional (antecessora da Sub-Prefeitura) e na administração Serra-Kassab, após a mundança da sede adminstrativa para um prédio novo, ficou largado às traças, com campim nascendo no lado externo e sem manutenção.
Prédio tombado pelo Patrimônio Histórico, durante a companhe eleitoral, o então candidato a prefeito Fenando Haddad se comprometu junto aos jovens e à comunidade local a dar um destino condigno ao bonito edifício, cuja escadaria interna se vê na foto acima. A demanda no encontro com o então candidato era (e continua sendo), que o prédio fosse restaurado e se tornasse um centro cultural gerido pela Secretaria de Cultura do Município de São Paulo.
Porém, já na metade da gestão do agora prefeito, a comunidade foi surpreendida pela iniciativa da administração do agora prefeito, que na prática privatiza a gestão do espaço, entregando-a a uma ONG. Quais critérios teriam sido adotados para entregar um patrimônio público dessas proporções a uma entidade privada, sem licitação, é alvo de críticas inclusive de parlamentares aliados do prefeito (leia artigo do dep. Antônio Mentor clicando aqui).
O artista plástico e professor arte-educador Claudinei Roberto, que no mês de maio
embarca com jovens da Zona Norte de São Paulo para Washington (EUA), em
visita a museus, em projeto do Museu Afro-Brasil, empresta solidariedade
ao movimento de ocupação do casarão em vila Guilherme.
Nas visita que realizei, observei que os jovens mantém o interior e as imediações do prédio em perfeita limpeza. Durante o dia e à noite, são realizadas reuniões sobre a ocupação, que avaliam as negociações dos líderes do movimento junto à Câmara Municipal, à Assembleia Legislativa e também ao gabinete do prefeito, que deve reunir-se com movimento em breve, segundo a comissão, que reúne representantes de diversos grupos e coletivos culturais, entre os quais os Amigos da Vila Maria (Maicon, Giovane, Marron), o Centro Cultural Comunitário Nelson Mandela - CCCNM (Cristiano, o BEA - pronuncia-se beá - e Fagner Silva Mendes); o Centro Independente de Cultura Alternativa - CICA (Juninho Blak Style - Darcy Barbosa Junior); Grupo Social Reviver (Juliano Bonarte). Presentes também na visita de apoio o Grupo Ô de Casa (diretor teatral Eli Clemente e o professor e músico Marcos Silva); o Fórum Mudar São Paulo de Cultura e Educação - FMSP (metalúrgico e bacharel em Filosofia Mário Silva Lima e o professor e escritor Jeosafá Fernandez Gonçalves) e o Ateliê Oço (artista plástico e professor arte-educador Claudinei Roberto).
Na reunião desta quarta-feira (7 de abril), organizou-se a atividade ZONA NORTE SOMOS NÓS. Essa ação cultural acontecerá no dia 16 de abril, a partir das 19:00h, em torno do livro ZONA NORTE, 32 exemplares do qual doados pelo autor. Após debate e entrevistas sobre o tema do livro, o grupo Ô de Casa realizará seu belo Sarau Caipira, com interpretação de canções e declamações de poemas.
O Fórum Mudar São Paulo de Cultura e Educação encaminhará uma lista de apoio à ocupação do casarão pelos jovens do movimento cultural da Zona Norte. Essa lista procurará reunir assinturas de intelectuais, artistas e lideranças do mundo da cultura em torno das reivindicações que podem ser resumidadas em três itens:
- Não à privatização ou terceirização do casarão (Fora a chamada PPP).
- Que o casarão passe diretamente à alçada da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo.
- Que seja garantida ampla participação da comunidade na gestão democrática do espaço.
Hoje, há um saudável movimento de apoio de outros grupos de várias regiões de São Paulo à ação dos coletivos culturais que, bem articulados e com objetivos muito claros, lutam para que a Zona Norte ganhe um espaço cultural em um patrimônio que tem história e que, por isso, não pode ser privatizado, ainda que com aparência de "parceria público-privada", nem se tornar mais um quartel da polícia. Para os jovens, o prefeito precisa entender que "quanto mais espaços de cultura, menos quartéis serão necessários na Zona Norte ou em qualquer outro lugar do mundo".

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