Entrevista com estudantes do Colégio Maria José.
Por Jeosafá.
Na quinta-feira passada pela manhã (8 de maio) estive no Colégio Maria José, onde fui recebido com extrema gentileza pela Diretora Girleide Bauk, que logo me pôs em contato com os professores e estudantes da tradicional escolas no centro de São Paulo.
De acordo com o site, o Colégio Maria José completa 110 anos em 2014:
Sua história nasceu junto com o progresso de Conrado Wessel, produtor exclusivo de papéis fotográficos para a KODAK do Brasil. De origem alemã, nascido na Argentina esse empreendedor adquiriu vários imóveis nos bairros de Campos Elíseos, Barra Funda, Santa Cecília e Higienópolis por volta de 1920. Maria José era filha de italianos, professora de profissão, moradora do bairro de Higienópolis, onde conheceu Wessel e tornou-se sua amiga. Conrado Wessel mantinha um carinho especial por Maria José, por julgá-la uma mulher lutadora por seus ideais.
Ainda de acordo com o site oficial da escola, no depoimento de Tereza Fernandes, ex-aluna do
Colégio na década de 50 (1949 - 1956):
O que mais admirava no Colégio era não haver qualquer tipo de discriminação. Em minha sala, por exemplo, havia meninos e meninas com dificuldades de aprendizagem, Síndrome de Down, entre outros. O Colégio não tratava ninguém como coitadinho, eram todos iguais. Em 1956, era época de João Goulart. A criançada era toda politizada e tínhamos reuniões pela UNE, greves, passeatas. Enfim, todos revolucionários!
O Maria José adotou a novela O Diário Secreto das Copas para todas a turmas de Ensino Fundamental 2 e Médio e minha expectativa era a de que os jovens tivesse gostado do livro, já que nenhum autor escreve um livro para chatear o leitor. No belo hall de entrada da escola, em que um piano antigo acrescenta o piso de madeira uma ar aconchegante e de cultura, fui apresentado pela Diretora Girleide Bauk ao professor de Português, Fernando (foto acima), que, muito simpático, deu-me as primeiras notícias: não só o livro caíra no gosto de rapazes e moças, quanto a escolas realizara trabalhos sobre ele.

E a curiosidade ia desde aspectos distantes no tempo, como o terremoto que destruiu parte do Chile, quando este receberia a Copa de 1962, e particularidades relacionadas à luta contra o nazismo na Europa durante a 2a. Guerra mundial, às tensões relacionadas às megamanifestações de junho de 2013 no Brasil.
No início, um pouco tímidos com o rumo da conversa, rapidamente os estudantes entraram no verdadeiro jogo da verdade em que nossa mútua entrevista se converteu. Assim como fui questionado com relação à oportunidade da Copa do Mundo em um país em que morre-se nas filas dos hospitais públicos, nos quais um simples exame de faringe é marcado em São Paulo, no início do ano, para o mês de novembro, peguntei aos alunos-leitores o que achavam de a escola, na figura de seus professores, selecionarem suas leituras.
Para que a entrevista mútua ficasse mais informal, "corri pra galera", e meti no meio da arquibancada do anfiteatro. Dali, entrevistei quem estava ao meu redor, os que estavam ao fundo e estudantes de professores que ficaram na parte baixa, de onde foi tirada a fotografia imediatamente acima.
Os estudantes do Ensino Médio se mostraram muitíssimo informados e bastante críticos, mas também muito humorados. Dei boas risadas com a espirituosidade das tiradas de alguns, e fiquei com uma ótima impressão do trabalho realizado pelo Colégio, pois todos se mostraram preparados, ou realizando perguntas de respostas difíceis, como às relacionadas ao descontentamento da população com saúde, educação, segurança e transportes urbanos em face cifras realmente estratosféricas da Copa.
Pose para uma foto oficial, logo após uma rápida sessão de autógrafos com estudantes do Ensino Médio.
Dessa ótima jornada que vivi com estudantes e professores do Colégio Maria José ficou mais forte em mim a convicção de que a geração de brasileiro que vem vindo aí tem tudo para realizar coisas jamais vistas ou sonhadas antes. Essa geração toda ela nascida na era digital, se souber ser generosa com o passado - estudando a contribuição de quem veio antes, respeitando quem construiu as bases do país, mas criticando e evitando seus erros - tem tudo para abrir uma novo capítulo de nossa história.
Saí com a alma lavada dessa manhã-tarde que valeu cada segundo do tempo em que lá estive - e com a expectativa de ser convidado novamente, agra, para falar de um dos maiores ícones da história humana: Nelson Mandela.

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