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O psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget. |
Por Luiz Roberto de Aguiar.
Em meio à correria que nos é imposta pelo dia a dia, da
necessidade de se pagar as contas, de cuidar dos entes queridos lhes
proporcionando o que se pode ter de mais moderno, na busca desenfreada do trabalho
mais lucrativo, por consequência os melhores salários e benefícios para o
provedor, incluindo-se ai os passeios mais incríveis aos seus dependentes. É
que se cai em alguns casos na maior das armadilhas sociais desta época em que
vivemos.
Esta é a “Terceirização da Educação dos Filhos”. Tem sido
notória a frequência bem como a quantidade de pais que aos poucos vão aderindo
a este modismo e por que não dizer a esta fraqueza relacional. Sabemos todos
que a globalização trouxe-nos inúmeras vantagens frente aos séculos passados e
suas posturas nas relações familiares, comerciais, profissionais, educacionais
e esportivas. Pena é que o ser humano em determinadas partes deste avanço, não
caminhou na velocidade e profundidade corretas, pois algumas famílias têm
apresentado dificuldades de posicionarem-se frente às novas questões que surgem
na vida moderna.
A vida na pós-modernidade exige empenho com o trabalho,
dedicação de incontáveis horas para obter novos conhecimentos ou atender o
cliente até que o último se retire. Estas e outras solicitações da vida laboral
atual promovem ocorrência de horas extras, a permanência no trabalho até mais
tarde, consecutivamente impedem a relação familiar de ser construída com o
convívio que deveria existir entre seus integrantes.
Estabelece-se um distanciamento entre os membros da família
e cada um trata de si da forma que achar melhor, ou a saída pela direita é
direcionar para a escola aquilo que no passado não foi seu papel, porém na
atualidade notamos que cada vez mais lhe é necessário entender e realizar: “promover
a prática da educação e facilitar a discussão de uma vida com princípios entre
as crianças e jovens”.
Segundo Piaget (1994) é preciso que haja o equilíbrio entre
o amor e o temor, entre outras várias características, para que o indivíduo possa
formar ao longo de determinado tempo de vida a sua “Personalidade Ética”. Sem a
qual dificilmente o cidadão irá quebrar este circulo vicioso que se estrutura
com a terceirização da educação, que nada mais é do que o processo de
afastamento dos pais de seu relacionamento com a criança de várias formas e o
desequilíbrio entre a relação de amor e de temor entre estes genitores e seus
filhos.
A conduta acima descrita mesmo quando vivenciada de forma
inconsciente ampliará a oportunidade de que esta criança venha a agir de
maneira não ética, egoísta e muitas vezes possessiva, além de não amorosa para
com seu próximo. Outras situações podem ser a falta de obediência às regras
pré-estabelecidas e o exercício de jogos de poder, no caso o bullying, ou até
mesmo no futuro o uso de drogas.
Outra conduta que colabora na terceirização da educação é o
sentimento de culpa que alguns pais vivem por terem de trabalharem muito e
conviverem pouco tempo com seus filhos, o que os incentiva a viverem na cultura
do sim, ou seja, agora que papai ou mamãe chegou do trabalho: “tudo pode meu
amor”.
Erros sobre erros vão reduzindo a possibilidade de criar
indivíduos com Personalidade Ética e gerando seres humanos cada vez mais
voltados para si mesmo. Podemos fazer diferente, reduzir a correria da vida e
nos determinarmos a vencer as ofertas da pós modernidade, evitando o consumismo
exacerbado, retirar o ter do lugar do ser, passar tempo com nossas crianças e
jovens ensinando através do exemplo de vida e não a partir do “faça o que eu
mando, e não o que eu faço!”
Luiz Roberto de Aguiar é Pós-graduado em Aconselhamento pela Faculdade Batista Teológica de São Paulo, professor de Filosofia para Crianças e Palestrante sobre Prevenção ao uso de Drogas. Escreve todas as quintas-feiras a coluna Ética e valores para o blog da editora Nova Alexandria. Contato: luizão.filosofia@yahoo.com.br.
Obrigada por mais um ensinamento.
ResponderExcluirAbraços
Miriam