Por Jeosafá.
Recentemente tive o privilégio de
conversar com os alunos do Colégio Magno, na Zona Sul de São
Paulo, sobre meu livro O diário secreto das Copas, a
convite da professora Coordenadora Lígia Brum. Durante o mês de junho e julho,
a escola desenvolveu um projeto articulando o assunto do momento com os
objetivos pedagógicos da instituição (que, aliás, foi objeto de artigo jornalístico no portal UOL). Em razão disso, a escola
adotou meu Diário Secreto para leitura de férias dos alunos de séries finais do
Ensino Fundamental.
Antes de os alunos entrarem em
férias, me comuniquei com a Cátia, bibliotecária do Colégio e, por meio dela,
agendamos nosso encontro. No dia 11 de agosto, na manhã fresca e ensolarada,
após a bifurcação da avenida Washington Luís com a Interlagos, estava eu lá,
nas belas instalações do Colégio, sendo recebido com tapete vermelho e um belo
café logo à entrada.
Não durou muito, guiado pela
professora Lígia Brum, já estava na iluminada e muito bem planejada biblioteca
de dois andares com um lido mezanino central. As mesas organizadas para receber
os jovens logo foram ocupadas e... Não tive moleza, pois eles leram com atenção
o livro, me bombardearam com perguntas (tantas que ultrapassamos o tempo
previsto) e teceram coerentemente suas hipóteses sobre o que leram.
Naturalmente, vários segredos,
que deixei emboscados nas letras pretas sobre as páginas em branco, ficaram lá
emboscados, a espreita, pois ao escrever o livro tive a intenção de que os
mistérios não se revelassem todos de uma vez – por isso os instiguei a sondar
articulações relacionadas à história e à lógica, que, observadas, oferecem não
infinitas, mas um número bem definido de alternativas possíveis.
A título de exemplos, sugeri que
tentassem explicar a relação entre o pai de Lubna (Lara), Kátia (avó) e Martin
(avô) – por que na lógica do enredo Martin é um filho adotado? –; como o leitor
foi iludido o tempo todo sobre a natureza das duas Kátias (a avó e a amiga
adolescente de Lubna)?; como Martin, ao se engajar na luta antifascista na
Segunda Guerra, volta do conflito, e por quê? Choveram hipóteses, todas
passíveis de serem desenvolvidas a partir de novas leituras (remontagem, vale
dizer, já que as hipóteses levantadas são uma espécie de processo de
desmontagem).
Ter conversado com os jovens
lavou minha alma. Cada vez que saio desses encontros, me sinto mais motivado a
escrever histórias para eles – que são exigentes, espertos, afetuosos e
empurram a gente para frente com toda força de seu coração de estudante.
Obrigado professora Lígia,
obrigado jovens do Colégio Magno. Fico devendo a vocês mais essa injeção de fé
na vida e na humanidade que me deram.
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