quarta-feira, 27 de agosto de 2014

POR DENTRO DA ESCOLA - Injeção de fé na vida e na humanidade

Por Jeosafá.

Recentemente tive o privilégio de conversar com os alunos do Colégio Magno, na Zona Sul de São Paulo, sobre meu livro O diário secreto das Copas, a convite da professora Coordenadora Lígia Brum. Durante o mês de junho e julho, a escola desenvolveu um projeto articulando o assunto do momento com os objetivos pedagógicos da instituição (que, aliás, foi objeto de artigo jornalístico no portal UOL). Em razão disso, a escola adotou meu Diário Secreto para leitura de férias dos alunos de séries finais do Ensino Fundamental.


Antes de os alunos entrarem em férias, me comuniquei com a Cátia, bibliotecária do Colégio e, por meio dela, agendamos nosso encontro. No dia 11 de agosto, na manhã fresca e ensolarada, após a bifurcação da avenida Washington Luís com a Interlagos, estava eu lá, nas belas instalações do Colégio, sendo recebido com tapete vermelho e um belo café logo à entrada.


Não durou muito, guiado pela professora Lígia Brum, já estava na iluminada e muito bem planejada biblioteca de dois andares com um lido mezanino central. As mesas organizadas para receber os jovens logo foram ocupadas e... Não tive moleza, pois eles leram com atenção o livro, me bombardearam com perguntas (tantas que ultrapassamos o tempo previsto) e teceram coerentemente suas hipóteses sobre o que leram.


Naturalmente, vários segredos, que deixei emboscados nas letras pretas sobre as páginas em branco, ficaram lá emboscados, a espreita, pois ao escrever o livro tive a intenção de que os mistérios não se revelassem todos de uma vez – por isso os instiguei a sondar articulações relacionadas à história e à lógica, que, observadas, oferecem não infinitas, mas um número bem definido de alternativas possíveis.

A título de exemplos, sugeri que tentassem explicar a relação entre o pai de Lubna (Lara), Kátia (avó) e Martin (avô) – por que na lógica do enredo Martin é um filho adotado? –; como o leitor foi iludido o tempo todo sobre a natureza das duas Kátias (a avó e a amiga adolescente de Lubna)?; como Martin, ao se engajar na luta antifascista na Segunda Guerra, volta do conflito, e por quê? Choveram hipóteses, todas passíveis de serem desenvolvidas a partir de novas leituras (remontagem, vale dizer, já que as hipóteses levantadas são uma espécie de processo de desmontagem).


Esse livro é uma espécie de quebra-cabeça, e os jovens perceberam, porém, ainda estavam em dúvida se essa impressão que tiveram era justa. Confirmei: era... porém... um tipo de quebra-cabeça muito particular, que você monta e remonta e, a cada montagem e remontagem, novos segredos se revelam: a luta contra o fascismo e o nazismo na Segunda Grande Guerra Mundial; o esporte empregado para fins políticos autoritários (caso da Itália fascista de Mussolini e de Brasil e Argentina sob ditaduras militares); o amor entre dois adolescentes (cuja base foi Tristão e Isolda) que atravessa o tempo e se realizada por completo, a despeito de todas as dificuldades.

Ter conversado com os jovens lavou minha alma. Cada vez que saio desses encontros, me sinto mais motivado a escrever histórias para eles – que são exigentes, espertos, afetuosos e empurram a gente para frente com toda força de seu coração de estudante.

Obrigado professora Lígia, obrigado jovens do Colégio Magno. Fico devendo a vocês mais essa injeção de fé na vida e na humanidade que me deram.

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