terça-feira, 3 de junho de 2014

Coluna POR DENTRO DA ESCOLA - Quem faz o lugar, somos nós: Vai Brasilândia! Vai Brasil!

História da Brasilândia cantata em versos pelas jovens da EMEF Jd. Guarani.
Por Jeosafá.

Pela terceira no mês de maio, recém-virado no calendário, participei da ações da Sala de Leitura da EMEF Jd. Guarani, no distrito da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. As atividades coordenadas pela professora Regina Lino já foram objeto de artigo nesta coluna (EMEF Jd. Guarani - Professores e estudantes alegres e guerreiros).

Jovem sorteado com livro.
Como sou autor de um projeto e de a série de romances sobre a cidade de São Paulo Era uma vez no meu bairro, tive o privilégio de participar um pouco dessas movimentações que tanto me interessam. Desta vez, a visita ocorreu para participar do Café Cultura, que coroou o ciclo de atividades em torno de um objetivo: estimular os estudantes a conhecer melhor seu local de moradia e estudo, a vila Brasilândia.

Na oportunidade anterior, conversei com os estudantes sobre uma particularidade que não podemos jamais nos esquecer: nosso bairro, nosso lugar, é em parte uma geografia (que pode ser feia ou bonita), mas a outra parte, a maior, e feita do principal: das pessoas.

Brasão da PM de São Paulo.
Nosso bairro não é as paredes sem rebocos das casas humildes (elas podem ser rebocadas), nem o esgoto sem tratamento e, muitas vezes, correndo a céu aberto (isso pode ser consertado com luta), nem a linha de ônibus que nos trata como escravos em um navio negreiro sobre rodas, nem a violência da guerra entre uma juventude empurrada para o crime e uma das polícias mais violentas e cruéis do mundo: a paulista, que traz em sua genética a brutalidade dos caçadores de escravos (não por acaso, no brasão da PM de São Paulo, temos de um lado um bandeirante com sua garrucha e, de outro, um soltado com sua baioneta - a  população pobre ainda continua sendo caçada nas periferias como índios fugidos da escravidão).

Negra Li, foto do o site oficial.
Nosso bairro é principalmente as pessoas: minha mãe, com suas lutas, meu pai, com sua labuta, meus irmãos e seus sonho, o comerciante local, que pouco se difere dos trabalhadores, o amigo do futebol ou da balada, a amiga de igreja ou de escola, as professoras, o zelador da escola, o pastor ou padre etc. Essa mensagem foi compartilhada  no Café Cultural, em que vídeos, poemas e textos informativos sobre a Brasilândia, produzidos pelos próprios pelos jovens,  tiveram espaço e foram merecidamente aplaudidos, entre os quais, um que ser refere à Negra Li, prata da casa da Brasilândia.

Um poema da professora Regina Lino foi bastante apreciado: Homenagem à Brasilândia, em que o evento
Com participantes do Café Cultural.
da Copa do Mundo é lembrado, em contraposição às dificuldades do povo trabalhador (para ler, clique aqui).


A mensagem que se elevou na noite um tanto fria do Café Cultural foi que o calor das pessoas, sua fé na transformação e sua alegria podem mudar, sim, o mundo, a partir das pessoas de valor que estão ao nosso redor e que são, ao fim e ao cabo, o elemento decisivo de toda geografia, pois o lugar, somos nós quem fazemos.

2 comentários:

  1. Tocante, Jeosafá...
    Outro dia falávamos do trabalho de formiga, não é mesmo? Ainda que seja dando um passo de cada vez, temos que nos manter firmes, constantes, perseverantes e incansáveis na busca de resultados.
    Que o agora seja promissor, que venha um amanhã melhor!
    Avante, e para o alto!!
    Abraços
    TT

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    1. Cara TT: É verdade. O trabalho contínuo, persistente, ininterrupto, planejado, deita raízes e permanece. Esse é meu lema. Abs do Jeosa.

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