quarta-feira, 28 de maio de 2014

POR DENTRO DA ESCOLA - Coincidência feliz se paga com... amor

Roda de conversa com estudantes do colégio Santa Lúcia Filippini.

Por Jeosafá.

Rebeca fala aos colegas.
Não é todo dia que coincidências acontecem, nem é qualquer coincidência que me deixa intrigado, porém, a que ocorreu entre o fim de tarde de segunda e a manhã de ontem, não escapa de ser contada nesta coluna POR DENTRO DA ESCOLA.

Na segunda, passei o dia fora da editora, pois tinha compromisso em uma escola pela manhã, um trabalho a resolver na Lapa à tarde e uma escola pública a visitar à noite, para acompanhar apresentações de jovens no Café Cultural da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Jd. Guarani, na vila Brasilândia.

Como meu compromisso na Lapa foi rápido, houve um intervalo grande de tempo entre ele e o da noite, então, fiz o que adoro: estacionei o carro no meio do caminho e fui bater pernas pelos bairros de São Paulo. Aliás, sobre essa minha mania, o jornal O Estado de S. Paulo já me entrevistou, quem tiver paciência para ler a entrevista, clique aqui).

Stephany faz críticas pertinentes, ou seja, estou levando bronca.
Pois bem, estacionei o carro na avenida João Paulo I e, ziguezagueando ladeira acima, fui dar na avenida Itaberaba, perto do largo da Matriz, na Freguesia do Ó. Como era fim de tarde e meu compromisso da noite estava distante, fui andando, andando e andando até a alta numeração da mesa avenida. Um fim de tarde lindo, fresco, sem trânsito, com os raros carros que passavam andando devagar. Fui tirando fotos do pôr-do-sol sobre o Pico do Jaraguá com meu celular, na altura do número 1340. Andei mais, altura do 1700, olho à direita e vejo um bosque murado. Que bonito pensei. Colégio Santa Lúcia Fillipini, li na fachada.

Toquei adiante a caminhada, fui bem longe na avenida, voltei e parei novamente em frente ao colégio, admirei novamente e pensei: "Não seria mal se meus livros chegassem aqui, seria um álibi para conhecer a escola por dentro".

Estudante me defende das críticas. Valeu Freitas!
Sim, sim, sim, mas... onde mora a coincidência?

Nunca estive na avenida Itaberaba na minha vida. Não que me recorde. Talvez, quando office-boy, entregando cartaz, mas... não, não me lembro. Será que tive alguma namorada por esses lados?

No início da juventude, no Morro Grande. Mas há tanto tempo, e foi tão rápido e doloroso... Talvez tenha ido à casa da moça não mais de uma vez. Porém, ainda assim, não é certo que tenha passado pela avenida Itaberaba.

Voltei andando pelo fim de tarde agradável, apanhei meu carro, fui ao Jardim Guarani, onde passei uma ótima noite assistindo aos trabalhos dos jovens de lá.

Falando um pouco sobre O Diário Secreto das Copas.
Ontem pela manhã, um recado da Luciana, nossa divulgadora, em minha caixa postal de e-mails: "Jeosafá, a professora Josefina, do Colégio Santa Lúcia Filippini, aguarda sua confirmação para conversa com alunos na quarta-feria pela manhã". Nesse momento, me afastei congelado do teclado do computador.

Não sou supersticioso, porém, ainda bem que essa coincidência não era um raio caindo do céu, pois, nesse caso, teria sido acertado em cheio. No e-mail, no qual já constava o endereço, Luciana perguntava se eu sabia ir ao colégio. Na segunda até às 18 horas eu diria: "Não".

Garatujando os livros das estudantes. Carla
(primeiro plano) seguirá as letras.
O fato é que hoje pela manhã foi ao Colégio e, embora soubesse de fresco o endereço, demorei não menos de meia hora para achar a entrada. Dei voltas pelo quarteirão, fui parar em ruas que desconhecia, que faziam curvas sinuosas e me devolviam à avenida Itaberaba. Por fim, encontrei um funcionário na portaria da entrada do Ensino Infantil. "Estou salvo", pensei. Não estava, tinha que ir ao outro prédio, logo ali, no portão cinza, que não encontrei - e fui dar novamente na avenida Itaberaba. Mais uma volta e, já quase perdendo a hora, parei em frente a um portão de escola estadual, olhei para o outro lado e... lá estava a entrada dos carros que eu tinha visto no dia anterior.

O fato é que, após esse tour um tanto sem rumo, cheguei em tempo e passei uma manhã maravilhosa com os estudantes e professores do Colégio. Fui recebido com muito carinho, que procurei retribuir com aquilo que um escritor que passou grande parte da vida em sala de aula pode: compartilhar descobertas, saberes, amizade, reflexões, ideias, afetos.

Com a professora Josefina.
Gostei muito dos estudantes das turmas do Ensino Médio que me acolheram: divertidos, críticos, engraçados, afetuosos, inteligentes. Não deu para ouvir voz a todos, pois o tempo era pouco e o auditório, com formação circular de cadeiras, estava repleto, porém, a impressão que tive é de que a história de Kátia e Martin, d'O Diário Secreto das Copas,  tocou o coração e as mentes de quem leu. Abriu-se, então, espaço a críticas, e elas vieram, com inteligência e delicadeza.

Algumas questões, pude tratar hoje pela manhã com os estudantes, porém, muito haveria a dizer e a compartilhar. Fica o desafio de visitarem minha página no Facebook e meus blogs, por meio do qual continuo as conversas incidas em outros lugares: Amplexos do Jeosafa e Era uma vez no meu bairro.

Constatei que algumas sementes que ofereci n'O Diário Secreto das Copas foram descobertas: a
Com professora Izabel, com Z, como minha irmã.
possibilidade de colher histórias na própria família, ou entre amigos idosos; a importância da história em nossa formação humana; o papel do conhecimento do espaço (a geografia) na nossa condição no mundo; a importância do amor, da amizade, da coragem, da solidariedade. Isso dito por alunos que já desenvolveram trabalhos ou buscam agora recompor a história familiar.

Costumo dizer: as melhores histórias estão pertinho da gente e, sempre, dentro da gente, mesmo. Pena que não deu para fazer o microfone circular de mão em mão, pois tenho a sensação de que muitos desejariam se expressar, mas não deu. Então, com humildade, peço desculpas a quem ficou sem falar.

No entanto, como disse, sou facinho, facinho: é só me chamarem novamente, que eu vou   então mais gente poderá expressar o que ficou entalado na garganta (sabem que estou sempre aberto a elogios kkkkkkk).

Voltei para a editora com essa coincidência feliz no coração e na memória, agora acrescida de fotos (clique aqui), a quais compartilho com estudantes, professores e amigos que visitaram esta coluna.


VAI BRASIL!

Jeosafá é autor de ficção, poesia, ensaios e obras para formação docentes. Professor, lecionou por mais de 15 anos para a Educação Básica e para o Ensino Superior. Toda terça-feira, publica a coluna Por dentro da escola, para o blog da editora Nova Alexandria.

Leia o episódio desta semana de DR. MONSTRO: Há monstruosidades do bem?


Leia grátis o capítulo Mozart das lavadeiras.

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