Por Jeosafá.
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Silviano Santiago. Foto O GLOBO. |
Autor da Nova
Alexandria , professor universitário, crítico e romancista, conquista um dos prêmios
mais cobiçados da América Latina, o Ibero-Americano, no Chile.
Sílviano Santiago, autor da Nova Alexandria vence por unanimidade o Prêmio
Ibero-americano de Letras José Donoso de 2014, da Universidade de Talca.
Uma de suas obras de ficção mais conhecidas e estudada nas
universidades do Brasil é o romance Em
liberdade. Nesse livro, a hipotética pesquisa de Graciliano Ramos
sobre a morte por enforcamento de Cláudio Manuel da Costa num calabouço da
coroa portuguesa, quando da Inconfidência Mineira (estamos aqui no mundo da
ficção) é pretexto para abordar, na verdade, o assassinato do jornalista
Vladimir Herzog pela ditatura militar brasileira, em meados da década de 1970,
nas mesmas condições da do poeta mineiro
do século XVII
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Ensaios Antológicos - Silviano Santiago. Nova Alexandria. |
Nesse livro, Silviano Santiago, estudando os Autos da
Devassa (processo movido pela coroa portuguesa contra os Inconfidentes),
reconhece a similaridade dos dois assassinatos travestidos de suicídio. Assim,
o pano de fundo do “suicídio” de Cláudio Manuel da Costa são as notícias de
jornal sobre o assassinato do jornalista da TV Cultura, vítima do arbítrio de
um regime totalitário, que, ainda assim, preferia muitas vezes agir na sombra.
Pela Nova Alexandria, Silviano Santiago publicou
recentemente seus Ensaios
Antológicos, que reúne alguns de seus textos mais representativos
de sua produção ensaística. A produção ensaística apresentada nesta seleção é
uma amostragem de Silviano Santiago, um criador cuja obra se fragmenta em
vários papéis. À vontade ao percorrer vertentes e carreiras profissionais
distintas, foi professor universitário, tradutor, crítico, ensaísta, jornalista
e escritor, trafegando por romance, conto e poesia.
Os problemas socioeconômicos e culturais enfrentados pelo
século XX levaram Silviano Santiago a gerar o conceito de “literatura anfíbia”
que, entre arte e política, mostra sua visão pessoal da realidade brasileira e
de seus intérpretes modernistas e pós-modernos, abordados e analisados nos
ensaios aqui reunidos.
Os textos revelam a fragmentação como
orientadora/inspiradora da fértil multiplicidade da obra de Silviano
Santiago. Conforme suas próprias palavras: “Cada fragmento meu [...]
demonstraria trabalho, assiduidade e persistência, coleguismo e dedicação ao
outro, responsabilidade e probidade administrativa, e, principalmente, amor à
docência universitária e à arte literária”.
Nascido em Formiga (MG), em 1936, Silviano Santiago
formou-se em letras neolatinas em 1959, na Universidade Federal de Minas
Gerais. Após um período de estudos em Paris, trabalharia em várias
universidades estrangeiras até voltar ao Brasil e tornar-se catedrático da
PUC-RJ e da Universidade Federal Fluminense. Sua presença no mundo das letras do país passa
então a ser marcante, como tradutor, professor, ensaísta, poeta, contista e
romancista. Seu principal romance é Em liberdade (1981), avaliado como uma
reflexão cuidadosa sobre o papel do escritor brasileiro e Keith Jarrett no Blue
Note (1996) reúne contos criados conforme improvisos de caráter jazzístico.
Dentre seus livros de ensaios, destacam-se Uma literatura nos trópicos (1978),
O cosmopolitismo do pobre (2004) e As raízes e o labirinto da América Latina
(2006).
Viva Silviano Santiago!
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